IdentiFI <> Jonathan Yung @ Vertico
No futuro próximo, uma pessoa não vai ter uma única carreira.
Quem é o empreendedor?
Jonathan Yung é fundador e CEO da Vertico Human Capital, consultoria especializada em recrutamento de executivos para empresas digitais, de tecnologia e inovação (com clientes que variam desde start-ups e scale-ups, unicórnios e empresas da economia tradicional engajadas em transformação digital). Seu modelo de negócio começou como uma típica empresa de recrutamento. O trabalho em squads, por exemplo, e o uso de diversas ferramentas como o Monday.com vieram da prática de ‘aprender com os clientes’ que o inspiram diariamente com ideias muito básicas como: não ter impressora e abolir e-mails internos para ser paperless e achar formas de se comunicar com mais agilidade internamente. Jonathan, busca sempre imaginar uma forma diferente de recrutamento, pensando como as carreiras evoluirão para serem mais horizontais e simultâneas. “No futuro, uma pessoa não vai ter uma carreira só. Além disso, a pauta de diversidade e inclusão, que demorou para ser prioritária, será cada vez mais central”, pondera ele.
Destacando o lado humano:
Sem dúvida, há uma magia por trás dos empreendedores de sucesso; é como se eles fossem sobre-humanos. Tendemos a esquecer que, embora muito talentosos e apaixonados, em sua essência, eles são indivíduos (e humanos) como qualquer outra pessoa. A seguir, destacamos as principais conclusões sobre as crenças, valores e comportamentos empreendedores de Jonathan, a pessoa por trás do empreendedor.
💡 Inovação - Inovação é oportunidade. Tive muita oportunidade no meu negócio, porque eu tinha uma concorrência que na época não estava se atualizando. Oito anos atrás quando fundei a Vertico, não foi porque eu tinha o desejo de inovar ou de começar um negócio; eu sabia que queria seguir essa carreira de headhunter e entendi que havia uma oportunidade. Naquele tempo já havia grandes marcas falando em transformação digital e o começo de um ecossistema de startups. As startups só nascem se elas veem um espaço para preencher e é aí que nascem as inovações. Para mim parecia meio óbvio porque eu já tinha visto isso acontecer nos EUA e na Europa e foi um déjà vu. As tecnologias facilitam meu trabalho, mas uma parcela do mercado não tinha acordado para o que estava acontecendo.
⛲️ Inspiração - É engraçado porque quem me inspirou foi também quem me falou ‘não faça isso’. Venho de família de imigrantes (que muitas vezes são empreendedores por necessidade), então meu sistema operacional é totalmente voltado ao empreendedorismo. Quando não encontrei uma empresa onde gostaria de trabalhar, a opção óbvia foi montar a minha. Ao falar disso em casa, meu pai e meu avô, que são os que me inspiraram, ficaram de cabelo em pé porque diziam que empreender no Brasil é só para os heróis (ou malucos). Fora de casa, continuo sendo muito inspirado pelos empreendedores Endeavor, organização com uma cultura prática, essencialmente problem-solver. Sou também muito inspirado pelos meus clientes, que seguem a mesma mentalidade orientada a resultados. Além deles, há os mentores, conselheiros e coaches. A gente pensa que um bom mentor é necessariamente alguém que teve sucesso profissional tradicional, mas um dos meus maiores mentores é um amigo, que poderia ter sido um desses grandes empresários, mas abdicou de ser um CEO de um grande grupo porque preferiu explorar outros interesses e queria ter tempo para isso. Também tenho coaches porque acho que precisamos de alguém externo para te apontar os diversos pontos cegos como empresário, como empresa e como pessoa.
⭐ ️ Ingrediente secreto - Tenho a mentalidade de que temos que gostar de problemas pequenos porque quando são pequenos ainda são simples de resolver. Se deixados de lado eles crescem e problema grande te mata; problema pequeno não te mata. Como se identifica os problemas pequenos? Leaning into the pain, perguntando-se: o que te incomoda? Então conseguimos lidar com esses problemas de forma sistêmica e natural. Sempre teremos problemas, mas é importante que os problemas sejam sempre diferentes. Isso mostra evolução. Não posso (nem quero) ter os mesmos problemas que tínhamos há dois ou três anos atrás.
👀 Maior medo - Meu medo é de não estar atento o suficiente para inovações e sair da posição de empresa inovadora. Não quero ser a melhor, nem a maior empresa de recrutamento de executivos do mundo, quero ser a última empresa, mirando a longevidade. A gente atende os unicórnios, mas nossa vocação não é ser unicórnio, é ser crocodilo. Aquele animal que está no planeta terra desde a época dos dinossauros. A cultura chinesa é milenar, de longo prazo, então quero continuar a ser relevante e presente por muito tempo. Doc Rivers, técnico americano de basquete, certa vez falou algo que ficou muito comigo: ‘se você está se sentindo pressionado ou nervoso ou com medo, entenda que isso é um privilégio, porque você batalhou sua vida inteira para chegar no ponto onde você está hoje, e você está sendo desafiado e é por isso que você sente esse medo’. Então, ao invés de fugir ou tentar desviar, pense assim: comece abraçando esse medo, porque essa pressão e esse medo são um privilégio. Sou filho de mãe budista então esse exercício de gratidão é constante. Se você entra na situação com um mindset mais aberto você tende a encarar essas coisas de uma forma menos agressiva, ao invés do tradicional fight or flight.
🎨 Criatividade - Sou um reluctant entrepreneur - na época que montei a Vertico, eu era solteiro e não tinha filhos então meu custo de oportunidade era pequeno e se não desse certo eu acabaria aceitando uma oferta de emprego. A empresa já tem oito anos e não achei que a gente chegaria até aqui, achei que seríamos adquiridos ou que não sobreviveríamos. Não imaginei o cenário em que fossemos coexistir e incomodar muitos players tradicionais. Me motiva pensar que tenho o potencial de ser uma dessas grandes marcas. A força motriz de todo negócio são as pessoas e sou muito orgulhoso das que ajudei a desenvolver, confiando na minha habilidade de ensinar e treinar. Toda vez que faço o onboarding agradeço a oportunidade de gerenciar a carreira dessa pessoa durante esse ciclo. Todo mundo é talentoso em alguma coisa. Eu lembro das pessoas que passaram por mim e me sinto muito contente; ao mesmo tempo sinto muita pressão, me sinto responsável por essas famílias.
🧬 DNA - Quero passar para meus filhos, valores de maximizar felicidade e gerar impacto. Nunca dou resposta a eles, sempre pergunto ‘por quê’? Sou um leitor voraz, e um tenista frustrado, vejo tênis como um jogo de xadrez em movimento. Na biografia do Agassi, ele descreve que a todo o instante está tentando abrir o lock do adversário e é assim que eu encaro várias situações. Busco pessoas com curiosidade intelectual, agilidade em aprender e o mindframe para resolver problemas, com um project management mindset. Gostaria de incentivar meus filhos a descobrir a primeira vocação, ter a mente aberta o suficiente para entender que não vão ter uma carreira só, é possível (e provável) ter mais de uma carreira, simultaneamente.
🔮Visionário - Quando fundei a Vertico, escolhi o nicho de startups. Hoje, esse é o mercado da vez, mas nem sempre foi assim. Tento sempre imaginar uma forma diferente de recrutamento, pensar de forma horizontal sobre carreiras - e não vertical. Provavelmente meus filhos não vão ter só um full time job, eles terão vários projetos simultâneos. Isso vai impactar meu negócio e precisamos nos preparar para o futuro e ter a mente aberta o suficiente para entender que uma pessoa não vai ter uma carreira só. Além disso, a pauta de diversidade e inclusão, que demorou para ser prioritária, será cada vez mais central.
Seleção de Conteúdo
Livros: Never split the difference (Chris Voss), Predictable Revenue (Aaron Ross), The Sales Acceleration Formula (Mark Roberge), Managing Oneself (Peter Drucker), A Gentleman in Moscow (Amor Towles).
Revista: Super Interessante, a melhor revista de todos os tempos, leio desde criança!
Podcasts: eu aprendo lendo e não ouvindo, uma vez quase quebrei o nariz ouvindo um podcast - é perigoso demais para mim...